Postado em 06/11/2019
Uma
equipe da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, avaliou mil crianças e
percebeu que as que dormiam menos na fase pré-escolar tinham maior risco de apresentar problemas sociais
e no boletim aos 7 anos. No início da vida, o sono está intrinsecamente relacionado
à maturação do sistema nervoso central e ao desenvolvimento de mecanismos de
memória, regulação emocional e atenção.
O repouso influencia inclusive o crescimento físico — não é crendice, não.
Acontece que, nos primeiros meses, o
sono é polifásico mesmo, ou seja, dividido em ciclos mais curtos do que os do adulto. Assim, é esperado que o
pequeno fique dormindo e acordando. Por volta dos 6 meses, a tendência é que o
bebê desperte menos de madrugada. Só que
esse período de transição varia de acordo com cada um, e seu sucesso
depende muito da família.
Ambientes com bastante barulho, falta de
rotina e uso de estratégias equivocadas são os fatores que mais atrapalham.
E o que não falta é tática duvidosa
sendo repassada por aí. É o caso de treinamentos milagrosos que prometem
que um bebê de meses dormirá oito horas seguidas — isso dificilmente acontece —
ou a prescrição de melatonina, o hormônio do sono, que é fabricado naturalmente pelo organismo e raramente precisa ser
suplementado.
Acontece que não há fórmula mágica
para garantir tranquilidade: é preciso ter paciência, dedicação, apoio e
persistência. Conheça as orientações fundamentadas a seguir:
1. A criança chorou. O que fazer?
É um campo polêmico, mas as evidências atuais indicam que não há impacto negativo em deixar a criança chorar um pouco.
Claro que isso não quer dizer largar o filho aos berros. Mas, por volta dos 6
meses, não é preciso atendê-lo correndo.
Verificadas as necessidades básicas, como troca de fralda, fome, temperatura
corporal ou barulho e luz excessivos, tente
esperar para ver se ele volta a dormir sozinho. Ou tente confortá-lo sem
pegá-lo no colo — use a voz e o toque.
Esse “treino” não pode ser traumático
para ninguém, por isso o distanciamento ao consolar deve ser feito gradualmente
e só se os pais desejarem.
2. O bebê acordou de madrugada, como revezar?
Especialmente
nos primeiros meses, é comum que a mãe
acorde mais que o pai sob a justificativa de que é ela quem amamenta. Mas
manejar o próprio sono no meio dessa bagunça sem apoio é complicado e pode colocar em risco a saúde mental da mulher e do
bebê.
O ideal é que o parceiro levante
junto, coloque a criança para mamar, conforte, troque fralda e que a
família conte ainda com outros pares de
braços para auxiliar quando preciso.
3. Onde o bebê deve dormir?
Segundo estudos, filhos que dividem o quarto com os pais nos 6 primeiros meses
de vida têm menor risco de morrer
durante o sono — mas o descanso tem que ser no berço ou em cama acoplada. É que dormir no mesmo colchão pode provocar
sufocamento e outros acidentes, além de deixar o sono da família mais leve
por causa da tensão do espaço reduzido.
Para prevenir a morte súbita infantil, condição associada ao sono, há outras recomendações: deitar o
bebê de barriga para cima, tirar travesseiros, cobertas e seguradores do berço
e evitar que a criança durma por muito tempo na cadeirinha, no carrinho ou em
outras superfícies inclinadas.
4. Ver desenho ajuda?
É altamente contraindicado. O uso de
eletrônicos, sejam eles televisão, celular ou tablet, prejudica o descanso.
Primeiro, por causa das luzes artificiais, que
impedem a produção de melatonina — o hormônio do sono, liberado quando
começa a escurecer.
Fora isso, há a questão da excitação mental. Filmes e desenhos podem estimular demais os pequenos. Nos
mais velhos, são os jogos eletrônicos e as redes sociais que ativam o cérebro e
geram ansiedade.
O certo é tirar as crianças da frente
das telas pelo menos uma hora antes de dormir e, no período noturno,
escolher atrações mais tranquilas.
5. Pode deixar no colo até dormir?
No início, quando as coisas estão se ajustando, não faz muita diferença. Só que, depois, há o risco de uma associação negativa. Ou seja, fica a impressão de
que o neném precisa sempre dos embalos ou de qualquer outra muleta, como
chupeta e paninho, para dormir. O mesmo vale para o peito: se a criança dorme mamando, ligará o seio ao sono.
Para evitar isso, é possível agir
preventivamente no primeiro trimestre. Por exemplo, o bebê pode ser
embalado até parecer sonado e bem relaxado, mas, ainda com os olhos
semiabertos, deve ser colocado no berço.
Assim, aprende a adormecer já deitado. Essa é uma das práticas capazes de fazer
a diferença no futuro.
6. A soneca da tarde atrapalha?
Até os 5 anos, os cochilos fazem parte
do tempo de sono necessário para o desenvolvimento infantil pleno. Entre 1
e 2 anos, rolam até três sonecas ao dia. É indicado inclusive estabelecer uma rotina para elas,
preparando o ambiente, diminuindo o ruído etc.
Depois disso, a maioria das crianças passa o dia todo acordada. Algumas até
podem aderir à sesta caso esse seja um hábito da família, mas é preciso ficar atento aos horários e à duração do cochilo.
Dormir das 4 às 6 da tarde, por exemplo, pode bagunçar o sono depois. Portanto,
avalie se a soneca está afetando a qualidade do repouso noturno, que é o mais
importante.
O ASSIM
SAÚDE dá dicas para a qualidade
de vida do bebê.